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Dia de relembrar Nelson Rodrigues

22 agosto, 2025

*Aurora Miranda Leão

          Nelson Falcão Rodrigues, um dos nomes mais relevantes do Teatro do Brasil, é mais um nordestino a fazer bonito na Cultura do país. Neste 23 de agosto, completaria 113 anos.

Nelson Rodrigues era jornalista, romancista, dramaturgo, folhetinista, contista e cronista de costumes e de futebol brasileiro. Considerado o mais influente dramaturgo do Brasil, nasceu em Recife, em 1912, sendo um dos nomes fortes da Literatura do Brasil.

          O escritor sempre foi muito polêmico, assinando declarações marcantes como estas:

"Não há admiração mais deliciosa do que a do inimigo”

"O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda."

"Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor."

Aos 5 de idade, Nelson mudou-se com a mãe e os irmãos para o Rio de Janeiro, onde o pai foi tentar a vida como jornalista, em 1915. Em 1925, o pai fundou o jornal "A manhã", no qual ele começou a trabalhar como repórter policial. Aos 14 anos, escreveu o artigo “A tragédia de pedra”, e obteve enorme repercussão.

          Com o pseudônimo de “Suzana Flag”, Nelson Rodrigues escreveu “Meu destino é pecar” (1944), publicado como folhetim de 38 capítulos em “O jornal”, e lançado como livro no mesmo ano.

          Como “Suzana Flag”, escreveu também “Escravas do amor” (1944), outro grande sucesso. Dois anos depois, ressurgiu com “Minha vida” (1946), uma autobiografia da personagem. No mesmo ano, escreveu "Álbum de família", um de seus textos mais polêmicos, abordando um incesto. A obra foi censurada e só liberada duas décadas depois.

A realidade da Zona Norte carioca, com suas tensões morais e sociais, serviu foi fonte inspiradora para Nelson adentrar na seara do teatro e construir personagens memoráveis e histórias carregadas de lirismo trágico.

Lado a lado com o teatro, o jornalismo foi para ele um ambiente privilegiado de expressão. Dentre seus textos propriamente jornalísticos, destacam-se aqueles dedicados ao futebol, nos quais investiu sua veia dramática, transformando partidas em batalhas épicas e jogadores em heróis.

Trabalhou nos mais diversos jornais e revistas do Rio de Janeiro, assinando artigos e crônicas, como a popular e discutida coluna “A vida como ela é…” (1951-1961), do jornal Última Hora, que ganhou adaptação televisiva em 1996, sob a direção de Daniel Filho.

As histórias retratavam casos de adultério, ciúmes, desejos e amores passionais, ambientados na capital carioca, e tiveram intérpretes como Cláudia Abreu, Malu Mader, Tony Ramos, Cássio Gabus Mendes, Maitê Proença, Giulia Gam, Antonio Calloni, Isabela Garcia, Cláudia Abreu, Marcos Palmeira, Débora Bloch, Guilherme Fontes, Gabriela Duarte, Caio Junqueira, Nívea Maria e Tonico Pereira. 

Dramaturgia

A primeira peça foi “Mulher sem pecado” (1942), apresentada no Teatro Carlos Gomes, centro do Rio, pelo grupo Comédia Brasileira. Ano seguinte, o teatro brasileiro viu nascer, no palco do Theatro Municipal, sua versão moderna: era a estreia do espetáculo “Vestido de noiva”, sua segunda dramaturgia, apresentada pelo grupo Os Comediantes, com direção do ator e diretor polonês Ziembinski, que revolucionou a forma de se fazer teatro no país.  

Nelson Rodrigues: a escrita entre o jornalismo, contos, crônicas e o teatro

Desde seu primeiro texto, Nelson Rodrigues foi considerado um imoral, porém moralista, um gênio que escandalizava o público e a imprensa especializada, diante de seus textos, cujos temas eram adultérios, pecados, vinganças, ciúmes e escândalos. Sua peça “Senhora dos afogados” (1954) foi outra peça censurada e só liberada sete anos depois.

O prestígio alcançado pelo reconhecimento de seu talento não livrou-o de contestações ou perseguições. Classificado pelo próprio Nelson Rodrigues como “desagradável”, seu teatro chocou plateias, provocando não apenas admiração, mas também repugnância e ódio, sentimentos muitas vezes alimentados por seu temperamento inclinado à polêmica e à autopromoção.

Nelson Rodrigues morreu no Rio de Janeiro, em 1980, aos 68 anos. Além dos romances, contos e crônicas, deixou como legado 17 peças, as quais o colocam entre os grandes nomes do teatro brasileiro e universal.

*Saiba mais: https://vejario.abril.com.br/cidade/centenario-nelson-rodrigues-3/ e https://www.folhaunica.com.br/unico-educacional/2020/08/professorunico/nelson-rodrigues-o-tarado-mal-interpretado

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