*Aurora Miranda Leão
Os olhinhos das prateleiras estão ecoando alegria e o motivo é simples: mesmo diante de um cenário no qual dominam telas, celulares, computadores e aplicativos de toda ordem, há espaço para quem produz e escreve livro. E o melhor: há quem procure empregar parte de seu tempo dedicando preciosas horas à leitura, da qual o papel é o bastião principal.
Os dados constam da sexta edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”. Realizada entre abril e julho do ano passado pelo Instituto Pró-Livro – em parceria com a Fundação Itaú e o IPEC -, os pesquisadores ouviram 5.504 pessoas em 208 cidades brasileiras. Destarte, passou a figurar como leitor quem leu pelo menos um livro, impresso ou digital, inteiro ou em partes, nos três meses anteriores ao questionamento.
Cidades com mais leitores
João Pessoa, Curitiba e Manaus. São estas as cidades nas quais o número de leitores é maior, confirmando o hábito da leitura como algo que independe da proximidade dos grandes centros editoriais. Nessas capitais, lideranças no hábito da leitura, destacam-se escolas incentivadoras, bibliotecas de bairro e ações comunitárias fundamentando a circulação e fruição dos livros.
Norte e Nordeste no topo
Em capitais como Belém, a porcentagem de leitores é de 61%, estimulada pela realização ode feiras literárias e o costume da tradição oral. Teresina (PI) e São Luís (MA) alcançam, respectivamente, 59% de leitoras/es. E o motivo também decorre de redes escolares fortes, bibliotecas comunitárias e saraus. De outro lado, Aracaju (58%) aposta na leitura mediada e clubes literários, enquanto Salvador (57%) combina literatura afro-brasileira, poesia falada e bibliotecas vivas.
Descendo ao Sul, Florianópolis conta 56% de público leitor, a partir de escolas e centros culturais. Porto Alegre tem 54% e a feira de livros mais antiga do país chancelando a força de sua reputação literária. E, como não poderia deixar de ser, a capital paulista apresenta 60% de leitores, refletindo a relevância de sua forte estrutura de bibliotecas, editoras e livrarias, embora ainda muito marcada pela desigualdade de acesso.
Rio de Janeiro e Brasília seguem com 53% e 52% mas há diferenças entre o consumidor literário.
Seguindo adiante, cidades como Campo Grande (49%), Cuiabá (48%), Belo Horizonte (48%) e Natal (47%), Fortaleza (46%), Recife (46%) e Maceió (45%) mostram decréscimo no saudável hábito da leitura, indicando carência de políticas permanentes de incentivo. Palmas (44%) e Vitória (43%) tentam consolidar uma cultura leitora fora da escola. Boa Vista (42%) trabalha visando reforçar o hábito no ambiente escolar, mas fora das salas de aula o acesso é muito limitado. Já Porto Velho, Macapá e Rio Branco empatam com 41% de leitores, refletindo desafios estruturais, acentuados pelas distâncias.
E, com surpresa, Goiânia aparece na última colocação, registrando apenas 40% de leitores, e mostrando o quanto ainda há para avançar, visando estimular o hábito da leitura e cativar a presença do livro na rotina dos goianos.
A UNIVALE Editora aplaude as capitais que figuram no topo do ranking e parabeniza todos quanto figuram em estatísticas do país como leitores, e também os autores, que muito contribuem para preservar, ampliar e favorecer o apreço pelo Livro e pela Leitura.