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Há 26 anos, Brasil perdia João Cabral de Melo Neto, poeta de “Vida e morte Severina”

9 outubro, 2025

*Aurora Miranda Leão

      Nascido na cidade de Recife, capital de Pernambuco, em 1920, João Cabral de Melo Neto faleceu em 9 de outubro de 1999. Neste 2025, portanto, são passados 26 anos de sua partida.

Poeta e diplomata, considerado um dos mais importantes escritores da literatura em língua portuguesa, é de sua autoria o poema dramático "Morte e Vida Severina", marco na poesia brasileira, de reverberação em diversas expressões artísticas do país, como o especial[1] da Rede Globo, de título homônimo, a música de Chico Buarque, “Funeral de um lavrador”, e o curta-metragem cearense “Vida Maria”, claramente inspirado no poema cabralino.

        Consagrado com o poema dramático de força inescapável, João Cabral de Melo Neto llogo tornou-se imortal da Academia Brasileira de Letras.

Morte & Vida

Símbolo do regionalismo na poesia brasileira, Morte e vida severina é considerado um livro modernista, precursor, escrito por João Cabral de Melo Neto entre 1954 e 1955.

Consagrado pela crítica como obra-prima, os versos enfocam a vida de Severino, um retirante, com todos os sofrimentos e dificuldades enfrentados no cotidiano do sertão nordestino. Trata-se de um poema trágico dividido em 18 partes com forte cunho social.

Um pouco de história

João Cabral de Melo Neto teve a infância marcada pelas experiências no sertão nordestino, convivendo com seca, calor e dificuldades, vivenciando o cotidiano nos engenhos de açúcar do interior pernambucano.

        Nascido em 9 de janeiro, filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro Leão Cabral de Melo, o escritor era irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo, primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre.

João Cabral passou sua infância entre os engenhos da família nas cidades de São Loureço da Mata e Moreno. Estudou no Colégio Marista, no Recife. Amante da leitura lia tudo o que tinha acesso no colégio e na casa da avó.

Em 1941, João Cabral participou do Primeiro Congresso de Poesia do Recife lendo o opúsculo "Considerações sobre o Poeta Dormindo". Ano seguinte, publicou a primeira coletânea de poemas com o livro "Pedra do Sono". 

Após tornar-se amigo do poeta Joaquim Cardoso e do pintor Vicente do Rego Monteiro, mudou-se para o Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano de 1942, prestou concurso para o funcionalismo público.

  • Carreira Diplomática: 

Aos 1945, foi aprovado em concurso para o Itamarati, tornando-se diplomata e vivendo em diversos países como Portugal, França, Senegal e Paraguai. 

  • Apoio à Literatura: 

Sua obra acompanhou a carreira diplomática, e em 1968, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. 

João Cabral de Melo Neto: poeta nordestino é trunfo da Literatura do Brasil.

  • Modernismo: 

Foi um dos grandes nomes da Geração de 45, que buscava um retorno à disciplina e ao rigor formal em oposição aos excessos do modernismo anterior. 

  • Poeta Engenheiro: 

Recebeu este apelido por sua habilidade em trabalhar com a forma, a métrica e o ritmo dos versos, de forma árdua e objetiva, como um engenheiro. 

  • Temática Social e Nordeste: 

Sua poesia se aprofunda nas paisagens e problemas sociais do Nordeste, especialmente a seca e a vida do sertanejo, transformando essa realidade em poesia. 

  • Estilo Conciso e Objetivo: 

Buscava a objetividade e a concisão, dispensando o confessionalismo e utilizando uma linguagem que, por vezes, era descrita como mais bruta e direta. 

  • Legado: as obras mais relevantes são:

Morte e Vida Severina, A Educação pela Pedra , e O Cão sem Plumas 

  • Reconhecimento: 

João Cabral de Melo Neto venceu o Prêmio Camões, uma das mais importantes conquistas literárias da Língua Portuguesa, em 1990.


[1] “Morte e Vida Severina” ganhou adaptação televisiva em 1981. Produzida e exibida pela TV Globo em 22 de dezembro de 1981, contou com Tânia Alves, Elba Ramalho e Sebastião Vasconcelos no elenco, músicas de Chico Buarque e direção de Walter Avancini. O programa especial também foi reprisado em novembro de 1982, janeiro de 1985 e maio de 1990, durante o bloco "Festival 25 Anos" e venceu o prêmio EMMY na categoria Arte Popular.

*A pintura que ilustra esta matéria é um quadro a óleo, datado de 1954, bastante celebrado mundo afora, de autoria do saudoso pintor cearense Aldemir Martins.

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