*Aurora Miranda Leão
Coisa mais linda de se ver
Dia do Folclore
Irmão gêmeo
Da cultura popular
Tem dia que é de dois
Bem marcado
No agosto 22
Para lembrar
Toda vez
de se irmanar
Com o saber
Popular
Roupa típica da dança do Cacuriá, expressão da cultura do Maranhão (Foto: AML)
Não esquecer
Dia sim, noite também
De postar, espalhar
Curtir, celebrar
Compartilhar
Cantar, ofertar
Comungar
O Bom, o Bem, o Belo
Com a gente
Do povo
Aprender
Saudar, Festejar
Cantigas, toadas
Vida na roça
Modas de viola
Versos, trovas
Lendas, cirandas
Marchinhas, fanfarras
Quadrinhas, algazarras
Sextilhas, ladainhas
Provérbios, Contos
De fadas, bruxas e anões
Toda gente cabe
Numa ruma de criação
Cocada, cuscuz, pirão
Feijão tropeiro, maniçoba
Sururu, tapioca
Pamonha, arroz de cuxá
Tudo resplandece
Quando no fogão
De qualquer sertão
A lenha apetece
Tem paçoca, vatapá, canjica
Baião, de dois ou de três
Que sempre cabe mais um
Depende do gosto do freguês
Mungunzá, alfinin, poesia
Mariola, tareco e chegadin
Conjugando o melhor tom
Da rotina cheia de som
Xilogravura de Valdério Costa, natural de Natal e residente em Brasília (Foto do artista).
Agosto natural
Mês arretado
De coisa boa acelerado
Tempo de nutrir
Importância
Entreter, divertir
Regozijar
Com quem faz
Da luta diária
Do suor matutino
E das pelejas
Duras, sofridas
Inquietantes
Desapontadas
Acabrunhantes
Alavanca de luta
Motor de coragem
Pra resistir
Insistir, persistir
Sonhar, reinventar, sorrir
Mais adiante
Agosto 22
Data é pra celebrar
O saber, as perícias
O drible, as espertezas
Que do povo vem
E para o todo vai
Dia de saudar
O miolo bonito
O vigor verdejante
Severino, audaz
Guerreiro, formoso
Alegre, contumaz
Que da Cultura
Do Brasil faz
Celeiro farto, engenhoso
De muitas vertentes
Cores vibrantes
Nuances anis, estimulantes
Rima de bendizer
Verso de louvar
Toda forma de Amar
Qualquer jeito
De cantar
Porque fácil
Quase nunca é
Exige coragem
Requer pulso forte
Astúcia e destemor
A lida tribulosa
Por todo canto
Produzindo aura nervosa
Porém não é
De bestança nem fraquejada
Porto seguro nem vida amuada
Que se faz um homem
Forte, lutador
Uma mulher ousada
Um caba valente
Ou um cidadão de sorte
É nas agruras
Do dia a dia
Nas contendas
De cada tribulação
Nas orações ao Padim
Ou nas bênçãos
Da Virgem Maria
Que a gente sofrida
Obstinada, perseverante
Encontra o rumo
Apronta o prumo
Descobre a lição
Escondida
Em cada novo
Amanhecer
E segue em frente
Munida de fibra
Tracejada de fortaleza
Ainda esteja o coração
Aperriado, maltratado
Enxovalhado
De paixão acelerado
Porém animoso
Sábio e confiante
Pois seguro de que
Aquele que tem fé
Sustança e bom motivo
Nunca está sozinho
Nem é um pobrezinho
Tem sempre um bom protetor
Andando a seu lado
Cuidando do rededor
Pra tudo terminar
Airoso, linheiro
Fermento gracioso
Que logo transformado será
Em cordel pra xilo lapidar
Em cantarola de aprumar
Ou história de ninar
Feito madeira de Jacarandá
Ou terra forte de Jequitibá
Viva a Cultura Popular !
Festival de Cultura Popular em Ouro Preto, setembro 2024 (Foto: Helton Nóbrega).
DIA DO FOLCLORE:
O Dia do Folclore é comemorado no Brasil a cada 22 de agosto. A data foi oficializada por um decreto federal em 1965, objetivando manter viva a potência das manifestações culturais, contribuindo para preservar a tradição e estimular a valorização do patrimônio da sabedoria popular, na qual somam lendas, cantigas, contos, sonoridades, rítmicas, costumes, doces, pratos típicos, figurinos, danças e músicas, provenientes e características para a população de variados lugares do Brasil. Cada estado tem suas expressões peculiares, muitas em clara dialogia umas com as outras - como é o caso da ciranda, do jongo, do maracatu, das congadas e tantos outros.
A data coincide com a primeira vez na qual a palavra "folclore" foi usada, marcando a importância da literatura popular e do registro de histórias tradicionais, nas quais figuram seres que habitam o imaginário nacional, como o Saci-Pererê, a Iara, o Curupira e a Cuca, e também personagens da dramaturgia, como Chicó e João Grilo ("Auto da Compadecida"); Timbó e Sababodó ("Mar do sertão" e "No rancho fundo"); Nezinho do Jegue, Zeca Diabo e Odorico Paraguaçu ("O bem-amado"); Carminha ("Avenida Brasil"); Nazaré ("Senhora do destino"); e ainda a Mulher da perna cabeluda, o Homem da Meia-Noite, os papangus, figuras típicas dos carnavais de rua de outrora, etc. Cada pessoa guarda pelo menos um desses na lembrança.
O termo Folclore foi criado pelo pesquisador britânico William John Thoms em 1846, unindo as palavras inglesas "Folk" (povo) e "Lore" (saber, conhecimento).
Saiba mais: https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/08/22/dia-do-folclore-saiba-qual-e-a-origem-e-o-significado-da-data.ghtml