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Salve a Inclusão, a Poesia e a Comunicação!

23 setembro, 2025

*Aurora Miranda Leão

Hoje, 23 de setembro, é a data declarada pela Assembleia Geral das Nações Unidas como Dia Internacional das Línguas de Sinais.

Comemorada pela primeira vez em 2018, a referência é homenagem ao dia de criação da Federação Mundial dos Surdos, em 1951. No Brasil, desde 2022, 24 de abril é reconhecido como Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais.

          A instituição deste dia no calendário oficial é oportunidade ímpar para apoiar e proteger a identidade linguística e a diversidade cultural da comunidade surda e outros usuários da língua de sinais.

Segundo a Federação Mundial de Surdos, existem mais de 70 milhões de surdos em todo o mundo. Mais de 80% deles vivem em países em desenvolvimento. Coletivamente, são utilizadas mais  de 300 línguas de sinais diferentes.

  Essas línguas são naturais e estruturalmente distintas das línguas faladas. Há também uma língua de sinais internacional, usada por surdos em reuniões internacionais e, informalmente, quando viajam e socializam. É considerada uma forma não tão complexa quanto as naturais e tem um léxico limitado.

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (em inglês) reconhece e promove o uso das línguas de sinais. Deixa claro que elas são iguais em status às línguas faladas e obriga os Estados Partes a facilitar o seu aprendizado e promover a identidade linguística da comunidade surda.

No Dia Internacional das Línguas de Sinais são celebrados os esforços coletivos de pessoas surdas, governos e representantes da sociedade civil, para reconhecer e promover as mais de 300 línguas de sinais nacionais diferentes em todo o mundo.

Gramática das mãos

Peça-chave para a inclusão de pessoas surdas no cotidiano, a linguagem de sinais é um sistema de representação simbólica das letras do alfabeto, soletradas com as mãos, mas não se resume a uma cartilha com alfabeto manual. Ela tem gramática própria e estrutura linguística composta por aspectos fonológicos, morfológicos e léxicos.

Nessa língua, existem sinais para quase todas as palavras conhecidas e, para executá-los, usa-se o movimento das mãos, além das expressões facial e corporal, quando necessário.

A história da Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem início quando Dom Pedro II, então imperador do Brasil, criou o Instituto Nacional de Educação de Surdos, no século XIX. A instituição criou a Libras a partir de uma mistura da Língua Francesa de Sinais e de gestos já utilizados pelos surdos brasileiros.

Trata-se de uma língua completa com todos os requisitos pertinentes, como, gramática e semântica, atendendo a requisitos científicos. Pode ser aprendida por qualquer pessoa e, como qualquer outro idioma, exige dedicação e imersão na comunidade surda. Aprender Libras sem conhecer a cultura surda distancia o intérprete do surdo e prejudica a tradução das ideias, pois, diferentemente de outros idiomas, é necessário expressar sentimentos durante a interpretação, condição essencial para dar contexto e coesão ao assunto tratado.

No Brasil, a Lei nº 10.436/2002 reconheceu a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão e determinou o apoio à sua difusão e uso pelo poder público.

O projeto de lei, aprovado no país ano passado, teve como relator o senador Paulo Paim (PT,RS), demarcando a obrigatoriedade de que sistemas de ensino ofereçam o aprendizado de Libras como ferramenta fundamental para a construção de um mundo menos desigual, com mais inclusão social e cultural, impactando positivamente o exercício da comunicação acessível a todas e todos, e assegurando a participação das pessoas surdas na sociedade. 

Incluir amplia a Comunicação

       As pessoas surdas ou com deficiência auditiva significativa, e também as pessoas com deficiências de comunicação, como mutismo e mudez, encontram nas libras um importante dispositivo de acesso pleno à cidadania, e dependem da difusão desse conhecimento para que a comunicação possa efetuar-se integralmente.

A inserção da Libras no cotidiano dos brasileiros é mais uma tentativa de popularizar a linguagem e incluir a comunidade surda, favorecida com esse recurso para trocar ideias e interagir de forma eficaz. Além disso, permite ao Brasil estar em sintonia com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que defende uma sociedade sem discriminação e com ampla inclusão de todas/todos.  

Saiba mais: https://www.handtalk.me/br/blog/libras/ e

https://portal.unila.edu.br/informes/lingua-brasileira-de-sinais

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