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Pixinguinha e Lupicínio: Imortais da Música

12 setembro, 2025

*Aurora Miranda Leão

Criadores geniais, agora imortalizados em lei

             Dois dos maiores compositores brasileiros acabam de ser oficialmente reconhecidos como Patronos da Música Popular do Brasil. A notícia auspiciosa é fruto da sanção de lei pelo Governo Federal, publicada no Diário Oficial da União na edição desta sexta, 12 de setembro. A decisão havia sido decretada pelo Congresso Nacional.

         Por feliz coincidência, os dois criadores são símbolos da negritude, grandes músicos e adorados por seus pares. Cada um, inseriu novidades relevantes na Música do Brasil e assinam pérolas como “Carinhoso”, “Rosa”, “Lamento”, “Esses moços”, “Nunca”, “Nervos de aço” e “Loucura”. Pixinguinha era carioca, nascido menos de uma década após a abolição da escravatura, e Lupicínio gaúcho e gremista, autor do hino de futebol do famoso clube azul & branco.

Legado de Pixinguinha

Alfredo da Rocha Vianna Filho, o popular Pixinguinha, nascido no Rio de Janeiro (1897 - 1973), era compositor, arranjador, maestro, professor, flautista e saxofonista brasileiro.

Pixinguinha: flautista, arranjador e saxofonista notável

          Pixinguinha criou músicas emblemáticas como “Carinhoso” e “Rosa”, e inventou o gênero conhecido como Choro, popularmente celebrado como chorinho. Compôs dezenas deles, incluindo algumas das obras mais conhecidas dessa categoria musical, sendo imenso seu legado de criações, abrangendo quase todos os gêneros mais populares de sua época.

Ao provocar dialogias entre a música dos antigos compositores de Choro do século XIX e harmonias contemporâneas semelhantes às do Jazz, de ritmos afro-brasileiros e de arranjos sofisticados, Pixinguinha apresentou o choro a um novo público e ajudou a popularizá-lo como espécie tipicamente brasileira.

         Além da sua notável habilidade e maestria musical, o flautista/saxofonista carioca era considerado um amigo desses que se quer pra vida toda, como bem exemplifica um dos mais importantes poetas do país, o também carioca Vinícius de Moraes. O Poetinha costumava repetir que, se existia algum santo brasileiro, esse era Pixinguinha, seu fiel amigo, para quem escreveu a belíssima letra do choro “Chorando pra Pixinguinha”, parceria com Toquinho, lançada em 1973.

Importância de Lupicínio

Lupi, como era chamado desde criança, compôs marchinhas de carnaval e sambas-canção, sem pudor de expressar os mais doridos sentimentos, revelando, com constância, a tristeza por um amor perdido.

Assim, é dele a invenção do termo dor de cotovelo, referente à prática de quem crava os cotovelos num balcão ou mesa de bar, vai de uísque puro ou duplo, e chora pela perda da pessoa amada. Constantemente abandonado pelas mulheres, Lupicínio buscou, em seus próprios desenlaces e desventuras amorosas, a inspiração para suas canções, nas quais a aliança entre a traição e o amor, o desamparo, o romance e o dissabor eram constantes.

           Lupicínio Rodrigues: assina algumas das páginas mais belas da MPB

Lupicínio, compositor de “Nervos de aço”, “Volta” e “Vingança”, era apaixonado pelo Rio Grande do Sul, do qual não conseguia se afastar por longos períodos. A única vez, na qual ficou distante do território gaúcho, foi quando passou um mês de férias na capital carioca, em 1939, para conhecer o ambiente musical da cidade que depois seria matriz da Bossa Nova.

         Lupicínio morava na antiga Ilhota, um núcleo de concentração da população negra, onde hoje fica o Quilombo dos Fidélix, um dos onze situados no perímetro urbano de Porto Alegre. Boêmio, foi proprietário de diversos bares, churrascarias e restaurantes com música. Torcedor do Grêmio, é autor do hino do Tricolor dos Pampas: Até a pé nós iremos / para que der e vier / Mas o certo é que nós estaremos / com o Grêmio onde o Grêmio estiver.

https://immub.org/noticias/lupicinio-rodrigues-o-bardo-da-dor-de-cotovelo

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